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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Sonho dourado

A idéia felicidade absoluta e eterna me parece abstrata, irreal, ingênua até, mas os momentos felizes, esses sim, são concretos, claros e incontestáveis. Tive um momento desses esta semana.

Meu marido vendeu seu carro recentemente, e, por esse motivo, estamos dividindo o uso do meu. Desde então, um dia sim e outro também, tenho ficado a pé e, graças à bondade dos colegas, tenho sempre conseguido voltar de carona (e, de quebra, embolsado a verba que o maridão gentilmente me dá para pegar táxi, caso não tenha como voltar par casa. Adoooro!).

Pois bem, o transportador amigo, o gente boa demais Cristiano, sempre me dá carona até a Avenida Dom Luís, ali, pertinho do Montmartre, e tenho voltado para casa meio que passeando, olhando as vitrines, como se em menos de uma hora e meia eu não tivesse que sair correndo pra faculdade. Esse é um momento meu, seja para passar na padaria e pegar um pãozinho quentinho, ou mesmo para olhar as vitrines e observar as bem abastadas peruas em suas habituais tardes de compras. Essa é uma caminhadinha que me faz um bem danado...

Ía eu, então, caminhando, sentindo o ventinho do anoitecer entre os dedinhos dos pés, quando me deparei com a vitrine de uma loja de sapatos (para as curiosas, sapato-psico-maníacas, a loja era a tal AP Acessórios) e vi uma fofa sandália dourada, rasteirinha, com pedras azuis. “Uma graça”, pensei. E continuei passeando meu olhar pela vitrine até que a vi um outro lindo par, dourado, com um saltinho de não mais de 2 cm,com tirinhas trançadinhas, parecido com um que tive por volta dos 5 anos de idade. Momento déja vu. Aquele par de sandálias me olhou , como se me reconhecesse, e falou em tom imperativo:

- Entre, a-go-ra! Isso mesmo, boa menina, abra a porta e pergunte se tem 37.

Assim eu fiz.

Enquanto a vendedora sumiu a procura do par, dei aquela olhadela básica nas prateleiras... Peguei numa sapatilha assim, toda tressê colorida, muito bonitinha, mas sem valou algum frente ao poderoso par dourado... A espera já durava eternos 4 ou 5 minutos quando a simpática moça o trouxe. Toquei, olhei de perto, suspirei, teci um comentário com a vendedora, e com mais umas duas clientes que estavam por perto, dando o devido mérito àquele belo objeto. Nem cheguei a observar se houve resposta por parte das pessoas que por lá estavam, tamanho o meu fascínio. Coloquei nos pés e êxtase! Além de liiiiindas, as sandálias eram surpreendentemente confortáveis, elas abraçavam meus pés, adornando-os. Ôôôôô...

Aquele par de sandálias não questionou meu peso ou a minha circunferência abdominal, ele simplesmente me aceitou, assim como sou, e me falou com propriedade de quem já me possuía:

- Tire o cartão da bolsa e seja minha dona. Agora!

Obedeci. E saí toda abobalhada caminhando para casa, com olhinhos felizes e uma sacolinha valiosa nas mãos. Pura felicidade... Desde então, de vez em quando, dou uma olhadinha no meu par de sandálias douradas, lindas a meu ver, elas podem até não ter me transformado na Cinderela, mas certamente fizeram de mim uma feliz gata borralheira.

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